sexta-feira, 27 de maio de 2011

Voce escreve a ou à alguem?

Certas expressões são usadas no dia-a-dia e nem bem sabemos de onde vieram. Muitas são culturais como “sem eira nem beira”, mas outras são resultados apenas de mecanismos linguísticos que, em minha opinião, vêm facilitar o uso da linguagem. Vejam por exemplo o caso deste post. Como é que se deve escrever? “A ou À Machado de Assis?

Depende, meu caro leitor. Se ele está escrevendo "para Machado de Assis”, não há o acento grave:

"Ele escreve a Machado de Assis." (= para Machado)

Se ele escreve "à moda ", "ao estilo" de Machado de Assis, primeiramente tenho de expressar minha admiração, pois é um dos meus escritores preferidos e, nesse caso, o uso do acento grave é obrigatório:

"Ele escreve à Machado de Assis." (= ao estilo de Machado de Assis)

Bom, pelos exemplos, vemos que usaremos o acento grave sempre que houver uma destas locuções subentendidas: "à moda de", "à maneira de" ou "ao estilo de":

"Sapato à Luís XV."
"Poesia à Manuel Bandeira."
"Revolução à 1930."
"Vestir-se à 1800."
"Filé à francesa."
"Bife à milanesa."

OBSERVAÇÃO 1: Em "Moramos em São José dos Campos de 2005 a 2010", não há crase porque não há artigo definido antes de 2010. Em "Elas se vestem à 1970", há acento grave porque subentendemos "à moda de 1970".

OBSERVAÇÃO 2: Se os nossos cardápios fossem bem escritos, em português é claro, teríamos um "festival de crase":

"Viradinho à paulista." (=à moda de São Paulo)
"Tutu à mineira." (=à moda de Minas)
"Camarão à baiana." (=à moda da Bahia)
"Churrasco à gaúcha." (=à moda gaúcha)

Observe que neste caso o acento grave deve ser usado mesmo antes de palavras masculinas:

"Churrasco à Osvaldo Aranha." (=à moda de Osvaldo Aranha)

O simples fato de estar no cardápio não garante a crase:

"Filé a cavalo"
"Frango a passarinho."

Não usamos o acento grave nesses dois exemplos. A locução "à moda de" não está subentendida. Um "filé a cavalo" não é um "filé à moda do cavalo". Ainda bem, pois seria, no mínimo um paradoxo “vegan”!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

uso do G ou J?

também pegando carona com os questionamentos de minha prima Ianna vai aí/:


Continuando com as frescuras do Português, uma língua altamente "prostituída"... Não consigo entender porque duas letras diferentes ainda são aplicadas ao mesmo som, a tecnologia evolui mas a burrice dos donos das palavras permanece a mesma a cada geração. Bom, depois das críticas, e de inúmeras possibilidades de sugestões de modificações na língua, vamos a uma dica... Para evitar confusão.

Use G em:

- Palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio e -úgio.
Exemplos: pedágio, colégio, litígio, relógio, refúgio.

- Palavras terminadas em -gem.
Exemplos: ferrugem, selvagem, massagem, mixagem.

- Palavras derivadas de outras que já sejam grafadas com G.
Exemplos: tingir - tingido - tingimento

Use J em:

- Palavras de origem tupi (indígena) e africana. (Engraçado que "indígena" se refere a índios, mas se grafa com G...)
Exemplos: biju, canjarana, canjica, jabuticaba, jacaré, jenipapo, jerimum, jibóia, pajé. (Exceção: Sergipe.)

- Verbos terminados em -jar ou -jear.
Exemplos: arranjar, despejar, sujar, viajar, trajar, ultrajar, granjear, gorjear, lisonjear.

- Palavras derivadas de outras já grafadas com J.
Exemplos: granja - granjeiro, laje - lajeado, etc.

Tome cuidado com o verbo viajar e o substantivo viagem (e talvez, alguns outros). Nas palavras terminadas em -agem, grafamos com G (como em viagem: "A viagem foi boa."). Mas os verbos terminados em -jar são grafados com J (senão ficaria /gar/, como em /garfo/, eis mais uma burrice da língua que permanece até os dias de hoje). Então, do verbo viajar, derivam suas formas, viajei, viajaram, etc. Da mesma forma, por ser derivada do verbo (na verdade, por ser uma forma conjugada do verbo), a palavra "viajem" com sentido de verbo, fica com J: "Compre os ingressos, para que eles viajem.". Nesse caso, viajem vem de viajar, que já é com J, por ser um verbo terminado em -jar.

Viajem ou viagem?

Em atenção ao pedido da minha prima querida Ianna Gomes , que tinha dúvidas sobre esse tema, e

É comum termos essa dúvida! Sempre quando vamos escrever ficamos na incógnita: escrevo com “g” ou com “j”?

Vamos esclarecer esse problema de uma vez por todas! Observe:


a) A viagem que você irá fazer demora bastante, não é mesmo?

b) É provável que você viaje hoje, não é?


Qual a diferença entre essas orações acima, além das grafias viajem e viagem?

Na primeira, viagem é um substantivo que faz parte do sujeito. Já na segunda, é um verbo do sujeito “você”.

Assim, toda vez que viagem for um substantivo e indicar o ato de viajar, deverá ser escrito com “g”.

Quando for a flexão do verbo viajar na terceira pessoa do plural do presente do subjuntivo, virá com “j”: que eles viajem o mais breve possível, pois o trânsito já está começando a ficar ruim.

Veja outros exemplos:

Vocês fizeram boa viagem?
Não é bom que vocês viajem com chuva.
Eu viajei para Espírito Santo e foi ótimo!
A viagem para Espírito Santo foi ótima!

É praticamente certeza que a minha viagem será adiada!

Costa ou costas?



“Costas”, no sentido de dorso ou parte traseira do corpo ou de algum objeto, deve ser grafada sempre no plural. É o caso de frases como: • “Estou com dor nas costas.” • “Ela caiu de costas.”

Já a forma singular “costa” tem utilização mais abrangente e serve para designar a região litorânea próxima ao continente, também chamada de “região costeira”. Pode ser também uma parte do mar próxima a terra firma, ou a área ocupada pelas margens de rios, lagos, lagoas, etc.

Dica importante: nunca diga “dor nas minhas costas”, pois com partes do nosso corpo não se utilizam pronomes possessivos. Você diz: “Estou com dor nas costas.”, “Estou com dor nas pernas.”


Bom Fim de Semana ou Bom final de semana?


O adjetivo “final” evoca a despedida no fim do expediente às sextas: “Bom final de semana!”. Melhor seria desejar “bom fim semana”. “Final” é originalmente adjetivo e acompanha substantivo. É algo que pertence à última parte, equivalente ao fim em várias situações. Na conclusão de um evento: “o caso teve final doloroso”.

No desenrolar de uma obra: “o final da peça foi trágico”. E na última disputa em competições: “o jogo final foi empolgante”.

Segundo o dicionário Aurélio, a locução “fim de semana” é “o tempo decorrido, em geral, entre a noite de sexta-feira e a manhã de segunda, aproveitado para o descanso e o lazer”. Corresponde ao inglês weekend. Essa forma também é a recomendada por manuais de redação.

Alguns sábios lembrarão que o povo faz a língua e que o costume atropela normas e racionalidades estreitas. De modo que, se continuarem insistindo em dizer “bom final de semana”, como fazem, por exemplo, muitos âncoras de noticiosos, a expressão se firmará e, no fim, ninguém sofrerá por isso.


sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Difícil Língua Portuguesa!



*A Língua Portuguesa é difícil…..até para fazer amor!


Amar é… O marido, ao chegar em casa, no final da noite, diz à mulher que já estava deitada :

- Querida, eu quero amá-la.

A mulher, que estava dormindo, com a voz embolada, responde:

- A mala… ah não sei onde está, não! Use a mochila que está no maleiro do quarto de visitas.

- Não é isso querida, hoje vou amar-te.

- Por mim, você pode ir até Júpiter, até Saturno e até “à puta que o pariu”, desde que me deixe dormir em paz…


A História da Nossa Língua!



Desde que os portugueses chegaram a este lado do Atlântico, há cinco séculos, muita coisa mudou no jeito de falar

1500Os cerca de 5 milhões de indígenas que aqui viviam, distribuídos em mais de 1 500 povos, falavam em torno de mil línguas de vários grupos linguísticos
1580Começa a ser registrada a Língua Geral Paulista, difundida por padres jesuítas e bandeirantes. “Tucuriuri” significava “gafanhotos verdes”
1700Surgem registros da Língua Geral Amazônica, de base tupinambá, e do dialeto de Minas, misto de português com o Evé-fon, trazido por escravos africanos
1759O Marquês de Pombal promulga lei impondo o uso da língua portuguesa, mas ainda coexistem NO PAÍS DIVERSOS idiomas indígenas e africanos
1808A chegada da família real é decisiva para a difusão da língua: são criadas bibliotecas, escolas e gráficas (e, com elas, jornais e revistas)
1850Imigrantes europeus aportam em grande número no país, incentivando transformações no idioma com a introdução de diversos estrangeirismos
1922A Semana de Arte Moderna leva o português informal para as artes. A crescente urbanização e o surgimento do rádio ajudam a misturar variedades linguísticas
1988A Constituição garante a preservação dos dialetos de grupos indígenas e remanescentes de quilombos. Hoje Ha 180 línguas indígenas e mil quilombolas
1990Com a TV presente em mais de 90% dos lares, não se constata isolamento linguístico. Começa a nascer a linguagem rápida usada na internet

Para nós Academicos e Professores , aqui vai uma sugestão de questionamentos que podem ser levantados em sala de aula :

1- O que acontece com a Língua Portuguesa no Brasil entre 1500 e 1990?

2- Se até o ano de 1500 a população brasileira era constituída por indígenas, por que as línguas indígenas vêm sendo dizimadas no país?

3- O que acontece quando há a mistura de pessoas que falam línguas diferentes?

4- Como a Semana da arte Moderna influenciou a história da língua Portuguesa?

5- Apesar das influências externas, grupos indígenas e remanescentes quilombolas conseguem preservar seu dialeto. Como isso é possível?

6- Com o advento da TV no Brasil, houve mudanças no comportamento das pessoas? Explique:

7- O que acontece com o uso da linguagem a partir de 1990?

8- Cite exemplos de palavras herdadas da cultura indígena, ligadas à flora e à fauna.

9- Cite exemplos de palavras ligadas à religião e à cozinha afrobrasileiras.

10- A internet está mudando a maneira como lemos e escrevemos. Cite pontos positivos e pontos negativos da chamada “era digital”.

Espero ter Ajudado!
Obrigado!

Literatura Brasileira - Resumo das Eras...

Quinhentismo (século XVI)

Representa a fase inicial da literatura brasileira, pois ocorreu no começo da colonização. Representante da Literatura Jesuíta ou de Catequese, destaca-se Padre José de Anchieta com seus poemas, autos, sermões cartas e hinos. O objetivo principal deste padre jesuíta, com sua produção literária, era catequizar os índios brasileiros. Nesta época, destaca-se ainda Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas cartas e seu diário, elaborou uma literatura de Informação ( de viagem ) sobre o Brasil. O objetivo de Caminha era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas, vegetais e sociais da nova terra.


Barroco ( século XVII )

Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou influenciando na produção literária, gerando o fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste período. Podemos citar como principais representantes desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopéia; Gregório de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes.


Neoclassicismo ou Arcadismo ( século XVIII )

O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. Esse fato influenciou na produção da obras desta época. Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no campo são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades ) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da mulher amada. As principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão.


Romantismo ( século XIX )

A modernização ocorrida no Brasil, com a chegada da família real portuguesa em 1808, e a Independência do Brasil em 1822 são dois fatos históricos que influenciaram na literatura do período. Como características principais do romantismo, podemos citar: individualismo, nacionalismo, retomada dos fatos históricos importantes, idealização da mulher, espírito criativo e sonhador, valorização da liberdade e o uso de metáforas. As principais obras românticas que podemos citar: O Guarani de José de Alencar, Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães, Espumas Flutuantes de Castro Alves, Primeiros Cantos de Gonçalves Dias. Outros importantes escritores e poetas do período: Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire e Teixeira e Souza.


Realismo - Naturalismo ( segunda metade do século XIX )

Na segunda metade do século XIX, a literatura romântica entrou em declínio, juntos com seus ideais. Os escritores e poetas realistas começam a falar da realidade social e dos principais problemas e conflitos do ser humano. Como características desta fase, podemos citar: objetivismo, linguagem popular, trama psicológica, valorização de personagens inspirados na realidade, uso de cenas cotidianas, crítica social, visão irônica da realidade. O principal representante desta fase foi Machado de Assis com as obras : Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e O Alienista. Podemos citar ainda como escritores realistas Aluisio de Azedo autor de O Mulato e O Cortiço e Raul Pompéia autor de O Ateneu.


Parnasianismo ( final do século XIX e início do século XX )

O parnasianismo buscou os temas clássicos, valorizando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas mitológicos e descrições detalhadas. Diziam que faziam a arte pela arte. Graças a esta postura foram chamados de criadores de uma literatura alienada, pois não retratavam os problemas sociais que ocorriam naquela época. Os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho.


Simbolismo ( fins do século XIX )

Esta fase literária inicia-se com a publicação de Missal e Broquéis de João da Cruz e Souza. Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os principais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.


Pré-Modernismo (1902 até 1922)

Este período é marcado pela transição, pois o modernismo só começou em 1922 com a Semana de Arte Moderna. Está época é marcada pelo regionalismo, positivismo, busca dos valores tradicionais, linguagem coloquial e valorização dos problemas sociais. Os principais autores deste período são: Euclides da Cunha(autor de Os Sertões), Monteiro Lobato, Lima Barreto, autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma e Augusto dos Anjos.

Modernismo (1922 a 1930)

Este período começa com a Semana de Arte Moderna de 1922. As principais características da literatura modernista são: nacionalismo, temas do cotidiano (urbanos), linguagem com humor, liberdade no uso de palavras e textos diretos. Principais escritores modernistas: Mario de Andrade,Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira.


Neo-Realismo (1930 a 1945)

Fase da literatura brasileira na qual os escritores retomam as críticas e as denúncias aos grandes problemas sociais do Brasil. Os assuntos místicos, religiosos e urbanos também são retomados. Destacam-se as seguintes obras : Vidas Secas de Graciliano Ramos, Fogo Morto de José Lins do Rego, O Quinze de Raquel de Queiróz e O País do Carnaval de Jorge Amado. Os principais poetas desta época são: Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.




Panorama da Literatura Brasileira



Panorama da Literatura Brasileira

ANO | FATO | CONSEQUÊNCIA

1500 Carta de Pero Vaz de Caminha 1ª Manifestação da Literatura Artística

1549 Carta do Jesuíta Manoel da Nóbrega 1ª Manifestação da Literatura dos Jesuítas
1601 Bento Teixeira publica "Camoniana" / Prosopopéia Introdução do Brasil Na poesia / Barroco

1633 Estréia do Pe. Antonio Vieira nos Pulpitos da Bahia Fortalecimento do Barroco

1705 Publicação de " Música do Parnaso" de Manoel Botelho 1° Livro impresso de Autor nascido no Brasil

1768 Fundação da Arcadia Ultramarina, em Vila Rica, MG. Início do Arcadismo
Publicação das " Obras", de Claudio Manuel da Costa

1808 Chegada da Família Real ao Rio de Janeiro Início do Período de Transição

1836 Lançamento da Revista "Niterói" em Paris. Início do Romantismo
Publicação dos Livros "Suspiros Poéticos e
Saudades." de Gonçalves de Magalhães.

1843 Gonçalves Dias Escreve, em Coimbra," a Canção do Exílio"

1857 José de Alencar Publica o Romance Indianista " O Guarani".
1868 Castro Alves escreve, em São Paulo, suas principais poesias
sociais, entre elas: " Estrofes do solitário; Navio Negreiro;
Vozes D'Àfrica".

1870 Tobias Barreto Lidera o Movimento de Realistas 1ª manifestações na escola de Recife.

1881 Publicação de " O Mulato", de Aluizio de Azevedo. 1° Romance Naturalista do Brasil.

1881 Publicação de "Memórias Póstumas de Bras Cubas e 1° Romance Realista do Brasil e Inicio
Machado de Assis. do Realismo.

1893 Publicação de "Missal" (prosa) e "Broqueis" (poesia) de Início do Simbolismo.
Cruz e Souza.
1902 Publicação de "Os Sertões" de Euclides da Cunha. Início do Pré-modernismo.

1917 Menotti del Picchia publica “Juca Mulato”;
Manuel Bandeira publica “Cinzas das horas”; Mário de Andrade
publica “Há uma gota de sangue em cada poema”; Anita Malfatti
faz sua primeira exposição de pinturas; Monteiro Lobato critica
a pintora e os jovens que a defendem são os mesmos que,
posteriormente, participariam da Semana de Arte Moderna

1922 Realização da Semana de Arte Moderna, com três espetáculos
no Teatro Municipal de São Paulo em 13, 15 e 17 de fevereiro.
Mário de Andrade recebe intensa vaia ao declamar poesias de
seu livro “Paulicéia desvairada”

1930 Publicação de " Alguma poesia" de Carlos Drummond de Andrade. 2ª Geração do Modernismo

1945 A Geração de 45 3ª Geração do Modernismo

A Rainha Vírgula!!!


Ah nossa graciosa vírgula é, e não por acaso, o corpo e a alma da pontuação. Quem não a ama não a domina, e quem não a domina não escreve direito. A bem da verdade, os outros sinais, em sua maioria, têm comportamento burocrático, não sendo difícil aprender a empregá-los.

O contrário ocorre com a vírgula, cuja variedade de emprego é um desafio constante.

Já por isso, quando a tratam como parte igual do conjunto, não dando o devido desenvolvimento a seu estudo, alguns autores pecam por omissão, pois, na verdade, o conjunto é quase inteiramente ocupado pela vírgula.

Uma prova? Quantas vezes ela aparece no parágrafo acima? 14. E quantos pontos? 5. Não há dúvida: a vírgula, carro-chefe de todos os pontos, reina soberana em qualquer texto.

Até mesmo os poemas em versos livres da fase revolucionária do Modernismo, que tentaram prescindir da pontuação, jamais conseguiram eliminá-la.

Para que serve o ponto, mesmo? Para fechar período, fechar parágrafo, fechar texto. E acabou. É apenas um assistente: quando a vírgula vai embora, o ponto fecha a porta.

Para que serve o ponto de interrogação? Para marcar frases interrogativas. Mas o pobre nem consegue distinguir interrogação total de interrogação parcial.

E para que serve a vírgula? Nem ela mesma, se pudesse responder, teria certeza total de quantas funções pode exercer, sintáticas, lógicas, estilísticas.

Mais uma prova?
Quantos livros existem dedicados ao ponto, ou ao ponto de interrogação?

Nenhum, porque não há mais que dois ou três parágrafos a escrever sobre eles.

E sobre a vírgula? Artigos, capítulos de livros, livros inteiros.

Por isso, se ela pudesse falar, diria que um livro com um nome ao estilo de Manual de Pontuação seria impróprio e incoerente: por mérito e justiça, deveria ser substituído por Manual de Virgulação.

Falar dos outros sinais é, de certo modo, fazer a introdução ao que se vai falar da vírgula.

Personalidade
Assim, não seria possível revelar todo o poder da vírgula em poucas linhas.
O que se pode dizer, pela voz dos melhores escritores, fiéis dessa soberana, é que o melhor modo de entender a multiplicidade de seus empregos é usar como filtro suas habilidades básicas.
Poderíamos, no limite, até recorrer à prosopopeia, dando vida e voz à vírgula. Que diria ela, além do que acima foi dito? Talvez algo mais ou menos como:
"Sou a única presença feminina autêntica na pontuação. Certo pesquisador pretensioso anda dizendo que sou sinuosa, insinuante e traiçoeira. Para falar a verdade, sou mesmo. Minhas curvas suaves me fazem bela, minhas funções me tornam insinuante, minhas virtudes estilísticas me tornam, não digo traiçoeira, mas um tanto oblíqua e dissimulada, como a Capitu. Então, para ter todos os privilégios de minhas prendas, se quer ser mesmo um bom escritor, seja um pouco o meu Bentinho e um pouco o Escobar. Só quem sabe todas as manhas e malícias do feminino pode desfrutar ao máximo os meus poderes. Machado sabia !".

Vai uma Vírgula ai?


Sobre pontuação - A VÍRGULA

Há tempos circula na internet a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Veja-a abaixo:

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis...
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Sabendo disso, coloque uma vírgula na frase abaixo:

Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura.

Dizem as más línguas que todo homem coloca a vírgula depois do TEM, e toda mulher coloca a vírgula depois de MULHER.

Divertido. Mas pra gente isso não basta. Qual o motivo da vírgula nos dois casos? Qual termo causa a dupla possibilidade de interpretação?

Vejamos.

Nos dois casos, temos uma oração subordinada adverbial condicional (1) com uma oração subordinada adjetiva restritiva (2) e, por último, a oração principal (3).

A questão é que o termo "A MULHER" pode ser tanto o sujeito do verboTEM (fazendo parte da oração adjetiva restritiva) ou do verboANDARIA (fazendo parte da oração principal).

Assim, é a vírgula que determina de qual verbo o termo "A MULHER" é sujeito.

Se o homem soubesse o valor (1) / que tem, (2) / a mulher andaria de quatro à sua procura. (3)
[a mulher = sujeito do verbo andaria]


Se o homem soubesse o valor (1) / que tem a mulher, (2) / andaria de quatro à sua procura. (3)
[a mulher = sujeito do verbo tem]


Agora sim. Interpretado e analisado.